sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Anglicismos invadem a língua portuguesa

Já se “focalizou” no português que anda a falar?

26.01.2011 - 15:43 Por João Bonifácio

O novo português não precisa de se concentrar — precisa de se “focalizar”. Não tem de ser resistente — tem de ser “resiliente”. Não imprime um texto — “printa”. E não tem esperança — tem “ilusão”.

No domingo passado, quando as televisões anunciaram os resultados das sondagens, o nome que se ouviu nos vários canais abertos nacionais foi Cavaco Silva. Mas para quem assistiu aos programas de análise do processo eleitoral, o verdadeiro vencedor foi outro: a palavra “focalizar”.

Toda a gente “focalizou” na noite de domingo: ministros disseram que era hora de nos “focalizarmos” nos verdadeiros problemas do país, comentadores políticos abriram as suas intervenções assinalando que iam “focalizar-se” no discurso vingativo de Cavaco, membros dos media interromperam-nos para fazer a emissão “focalizar-se” neste ou naquele hotel onde políticos de ar muito — como dizer? — “focalizado” se aprestavam a começar os seus discursos. Foi, sem dúvida, uma vitória estrondosa.

Até há uns anos, quando a pessoa A achava que a pessoa B estava desconcentrada dizia: “Tens de te concentrar.” Hoje, se quiser fazer-se entender, terá de dizer: “Foca-te.”

O verbo “focalizar” usado — como tem sido — no sentido de “concentrar” é um anglicismo e deriva do inglês “to focus”. Por interferência fonética chega-se ao verbo “focar”. A este tem sido recentemente aplicado o sufixo “izar”. O resultado, “focalizar”, é um neologismo semântico, uma palavra que já existia, com um sentido restrito, e que ganhou um novo sentido.

Este é apenas um dos muitos casos de deturpações que se têm infiltrado na língua portuguesa, tornando-se de uso corrente. Já tínhamos o “salvar” (no sentido de “gravar”) vindo de “to save” ou “printar” (no sentido de “imprimir”) vindo de “to print”. Mas recentemente há toda uma nova vaga de neologismos semânticos, que vão de “realizar” (no sentido de “aperceber-se de”) a “ilusão” (no sentido de “esperança”).

Pergunta fatal: devemos começar a preparar as exéquias à língua portuguesa?

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PÚBLICO

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Nova ortografia vai entrar (oficialmente) nas escolas a partir do próximo ano lectivo

Vai ser aplicado no próximo ano lectivo 2011/2012

Aplicação do acordo ortográfico publicada em Diário da República

Por Paula Torres de Carvalho

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa vai começar a ser aplicado nas escolas no próximo ano lectivo de 2011-2012 publica, hoje, o Diário da República.

A aplicação do Acordo Ortográfico dá assim cumprimento à resolução do Conselho de Ministros que determina que já a partir do próximo ano as novas normas da escrita sejam aplicadas pelas escolas portuguesas e, a partir de 1 de Janeiro, “ao Governo e a todos os serviços, organismos e entidades na dependência do Governo”.

O Acordo Ortográfico “simplifica e sistematiza vários aspectos da ortografia e elimina algumas excepções ortográficas, garantindo uma maior harmonização ortográfica”, lê-se no Diário da República.

PÚBLICO

Para saber mais:

Diário da República — Resolução n.º 8/2011

Conversor para a nova ortografia

Portal da Língua Portuguesa

As mudanças principais

sábado, 1 de janeiro de 2011

Será mesmo assim?

“Houve uma decadência no ensino da língua portuguesa”, diz Elsa Santos

A presidente da Sociedade da Língua Portuguesa, Elsa Santos, não estranha as dificuldades dos alunos na estruturação de um texto, justificando que nos últimos anos se descurou a gramática e os professores de português baixaram de qualidade.

ANTENA 1