A Associação dos Professores de Português vai pedir amanhã no Parlamento mais horas para o ensino da língua materna, sugerindo também o desdobramento das turmas nas aulas de gramática e produção escrita. “Os alunos do Ensino Básico actualmente só têm três horas de Português por semana. Portugal é o país da OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico com menos horas de língua materna”, disse à Agência Lusa o presidente da APP, Paulo Feytor Pinto, na véspera de uma audição na Comissão de Educação da Assembleia da República (AR).
Os representantes dos professores de Português deslocam-se à AR a pedido dos deputados, na sequência do parecer que enviaram dia 23 de Fevereiro sobre a revisão dos programas de Língua Portuguesa do 1.º ao 9.º ano.
Para Paulo Faulo Feytor Pinto, o novo programa tem aspectos positivos, mas esbarra com a falta de preparação dos professores para novos métodos, nomeadamente no ensino da gramática, e com a ausência de experiências para saber se está adequado aos grupos etários a que se dirige, em termos de conteúdo e quantidade de texto literário.
Os professores de Português estão também preocupados com a avaliação dos alunos em termos quantitativos, porque em todo o documento, diz o presidente da APP, “há um total descartar desta questão”.
“Faz-se um grande esforço para se evitar falar de avaliação. Só é referida em três ocasiões”, afirmou Paulo Feytor Pinto.
No seu parecer, a APP manifesta-se surpreendida e diz ser “inaceitável o tratamento que (não) é dado à avaliação”.
O presidente da Associação alerta também que a generalidade dos professores de Português no activo não foi formada para os programas actuais.
“Os programas são importantes, mas só vai resultar se houver mais horas de aulas por semana”, defendeu.
O ensino da gramática, por exemplo, abandona o método tradicional, em que o professor explica e o aluno aplica nos exercícios.
“O ensino experimental é ao contrário. Os alunos, orientados pelo professor, vão tentar descobrir a regra e depois confirmá-la”, explicou Paulo Feytor Pinto, exemplificando que os professores não foram preparados para esta modalidade.
Por outro lado, afirma, os programas propõem que o trabalho de escrita seja feito na sala de aula, mas com três horas por semana e turmas de 30 alunos “é impossível”.
A APP reconhece a necessidade de acompanhamento na sala - em vez de mandar todo o trabalho escrito para casa - para que os alunos não cheguem ao 12.º ano a “escrever mal”, mas questiona “como vai um professor supervisionar turmas de 30 alunos”.
Fonte: Educare
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